Lixo Para a Janta – por Walter Pall
Texto retirado do site A Alma do Bonsai do amigo Ricardo Paiva.
Tradução: João Pedro Arzivenko Gessing
Eu não frequento muito os fóruns de culinária, e não sei de fato o que se passa neles. Mas seria provável que uma das receitas de pudim se apresentasse assim ?: “Eu fui até as latas de lixo de minha cidade recentemente, e elas estavam repletas de coisas que dariam uma boa refeição. Eu convidei meu chefe e sua esposa para um jantar esta noite, e peço a você, para me dar seu melhor conselho para organizar um maravilhoso jantar com o que eu encontrei no lixo.”
Eu adoraria ler a resposta! Cínico?
Bem, isto acontece todos os dias com bonsai. Por alguma razão algumas pessoas pensam que a arte do bonsai consiste em fazer uma obra de arte com lixo! A verdade é esta: a arte do bonsai consiste, antes de tudo, em aprender como julgar e selecionar o melhor material possível. Algumas vezes ele pode até vir da lata de lixo, e ainda assim ser um bom material que, um mestre avaliaria rapidamente, mas se um novato tenta a sorte com lixo, ele invariavelmente irá falhar. Então por que as pessoas buscam economizar dinheiro na compra de um bom material para depois passar horas trabalhando em seu patético material vindo do lixo?
Se alguém faz um trabalho bom e honesto, deveria ser justo que ele recebesse de forma justa por hora de trabalho bem feito. Quanto tempo alguém trabalha em um bonsai durante um ano? 10 horas? 100 horas? Bem, aqui está uma simples equação: pegue a quantidade de horas que você possivelmente irá trabalhar em uma peça no futuro, multiplique por seu salário/hora.
O resultado é uma soma razoável para ser gasta em um bom material, o qual você poderá trabalhar de maneira agradável. Eu gasto a maior parte do tempo, esforço e dinheiro em adquirir o melhor material possível. E o melhor possível é apenas bom suficiente. Então as pessoas me perguntam o que fazer com o que encontram na lata de lixo – e esperam uma resposta polida sobre isso!! Isto vai além da possibilidade de ser politicamente correto para mim. Alguém tem que dizer isto a eles, e eu digo!”
Walter Pall